terça-feira, 28 de abril de 2009

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O farmacêutico Gilberto, se orgulhava de ser ateu. Para ele, Deus, com certeza, deveria ser uma ilusão, uma dessas fantasias para enganar as pessoas mais humildes, menos instruídas, ou talvez alguns mais desesperados que necessitassem de consolo e esperança.
Numa tarde, Suélen, uma garotinha de 8 anos, entrou na farmácia de Gilberto. Era loirinha, usava trancinhas e seu rosto branquinho parecia muito preocupado. Ela entregou uma receita à ele para que fosse preparado aquele remédio.
O farmacêutico, apesar de ateu, era um homem sensível e se emocionou ao ver o sofrimento daquela menina, que, enquanto ele preparava o remédio, dizia nervosa:
- Por favor, moço, anda logo. O médico falou que a mamãe tem que tomar esse remédio o mais rápido possível para ela ficar boa logo.
Preocupado, mas com muito habilidade, pois era muito bom em seu trabalho, o farmacêutico preparou a fórmula, recebeu o dinheiro e entregou o embrulho para Suélen, que saiu apressada.
Mas, quando foi recolocar os vidros com as substâncias usadas na receita em seus devidos lugares, descobriu, apavorado, que tinha cometido um terrível engano. Em vez de utilizar uma certa substância, ele usou um violento veneno, capaz de causar a morte de qualquer pessoa. Suas pernas tremeram e ele quase caiu. O coração batia descompassado.
Gilberto, desesperado, foi até a rua e olhou para todos os lados. Nem sinal de Suélen. Ele pensou:
- Onde está essa menina? Para onde foi? - De repente, como se fosse tomado por uma força misteriosa, o farmacêutico perguntou:
- E se Deus realmente existe...? – Foi então que colocou a mão na testa, se ajoelhou e desesperado pediu:
- Deus, se realmente existe, me perdoa. Faça com que aconteça alguma coisa, qualquer coisa para que ninguém beba daquele veneno que preparei. Me livre, Deus, de cometer um assassinato! Jamais quis matar alguém!
Ainda rezava quando alguém gritou do outro lado do balcão. Pálido, preocupado, Gilberto foi atender. Era Suélen, a menina das tranças douradas, com os olhos cheios de lágrimas e uns cacos de vidro na mão. Chorando, ela disse:
- Moço, por favor, pode fazer outro remédio para a minha mamãe? Eu cai e quebrei o vidro do remédio. Me ajuda, moço! Tô com medo da minha mãe morrer! - O farmacêutico, aliviado, se anima e pede calma para Suelen. Prepara novamente a fórmula, com todo cuidado e a entrega, para a menina e diz carinhosamente:
- Tome, leve para sua mãe. Ela vai ficar boa, pode acreditar! Não precisa pagar de novo. Agora, cuidado para não cair outra vez.
Desse dia em diante, Gilberto mudou seu modo de pensar. Decidiu aprender a respeito do que dizia não acreditar, pois, apesar de sua descrença, Deus que é Pai, atendeu a sua oração, o seu pedido.

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